Uma matéria realizada pelo “Bahia Meio-Dia”, emissora afiliada da Globo na Bahia, ganhou repercussão nacional após mostrar o caso de Madalena Silva, uma mulher negra que foi resgatada de trabalho análogo à escravidão após 54 anos. Com 62 anos de idade, Madalena nunca recebeu salário, sofria maus tratos e roubos por parte dos ex-patrões e suas filhas.
A repórter Adriana Oliveira a entrevistava, quando em determinado momento da matéria pediu para segurar a mão de Madalena. A idosa então começou a chorar e dizia temer segurar na mão da repórter, por ela ser branca. A repórter então questionou o motivo e teve a seguinte resposta: “Eu tenho receio de pegar na sua mão branca, porque eu vejo a sua mão branca, aí eu pego a minha, boto em cima da sua, aí eu acho feio isso”.
O desespero de Madalena se justifica quando descobre-se que ela foi uma das 13 mulheres resgatadas do trabalho análogo à escravidão na Bahia, em março de 2021, apesar da Constituição Federal defender no artigo 5º que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Através de uma postagem numa rede social, Adriana Oliveira escreveu sobre o episódio.
“Estarrecedor. Inacreditável. Inaceitável. Violência brutal. Seria interminável a lista do que fizeram com Dona Madalena. A Bahia ocupa 2 lugar em número de empregadores que submeteram trabalhadores à situações análoga à escravidão. Me senti tão pequena, tão impotente diante da dor de Dona Madalena. Vontade de acolher e nunca mais ter notícia de monstruosidades assim !”