Uma regra básica do capitalismo é que produtos só são produzidos se dão lucro. Isso significa que, diante da abundância de obras audiovisuais sobre o true crime, é certo que existe um alto consumo.
Você já se perguntou por que nós temos tanto interesse em assuntos mórbidos relacionados a crimes? De cara, existe certo preconceito associado a essa curiosidade, como se existisse algo de “errado” em acompanhar séries e filmes do gênero true crime. A verdade segue outro caminho e é mais complexa.
Em artigo escrito pela ExpressVPN, algumas teorias são propostas, dentre elas a possibilidade de lidar com emoções fortes em um ambiente seguro e estar preparado para as tragédias na própria vida. Ao contrário do que o senso comum imagina, existe o exercício de empatia em acompanhar essas mídias.
Hoje nós vamos nos debruçar sobre esse assunto, explorando questões relacionadas ao apreço de pessoas, no Brasil e lá fora, por mídias audiovisuais que adaptam ou documentam crimes reais. Afinal de contas, é saudável consumir materiais dessa natureza? E quanto aos impactos dessas produções?
Há diferenças culturais no consumo de mídias sobre crimes reais? Se sim, quais são elas?
De cara, podemos citar algo mencionado pela ExpressVPN: há diferenças na maneira como as pessoas de cada país interagem com mídias de true crime. O interesse em si parece ser um fenômeno de cunho internacional, mas a forma como ele é demonstrado varia grandemente, dependendo de cada nação.
E isso se estende também à forma como as obras em si são produzidas. Não é incomum que um true crime feito para um país X faça sucesso numa nação Y, mas há diferenças consideráveis no modo como cada uma realiza o mesmo processo. Nós podemos perceber isso comparando dois exemplos diretos.
Enquanto os Estados Unidos têm um viés mais “sensacionalista” e compreensivo, abordando todos os aspectos de um caso sem restrição, o Japão é mais cometido em suas coberturas, restringindo certas informações, mas nutrindo um respeito maior pelas vítimas. Cada nação tem sua cultura de true crime.
É prejudicial acompanhar produções de true crime? Como podemos evitar ser negativamente impactados pelo tema?
O segundo ponto que merece ser explorado é uma das principais questões que surge quando falamos sobre o true crime: há prejuízos individuais no consumo desses materiais? A resposta é um sonoro “depende”. Inerentemente, elas não possuem um valor negativo. O que muda é a visão de quem assiste.
Há um risco real de que, ao consumir esses produtos midiáticos em demasiado, fiquemos “insensíveis” às atrocidades que eles apresentam, o que é um problema; mas o oposto também pode acontecer, fazendo com que consideremos atitudes de bondade no cotidiano, reagindo com uma maior empatia.
Assim como nas discussões sobre jogos eletrônicos influenciando atitudes violentas, o enfoque maior deve ser no indivíduo ao invés do produto. É importante engajar com esses materiais com pensamento crítico, observando elementos subjetivos. Quando há essa ponderação, o true crime não é prejudicial.
As obras de true crime têm impacto nas sociedades? Que tipo de mudanças ocorrem a partir desses lançamentos?
Partindo do indivíduo para o coletivo, vale a pena discorrer também sobre os impactos das mídias de true crime na sociedade como um todo. De que forma essas produções audiovisuais influenciam ou modificam a maneira como encaramos os crimes? Nossas leis, por exemplo, podem ser influenciadas.
A ExpressVPN cita o caso do sequestro do filho do aviador Charles Lindbergh como o catalisador de mudanças nas leis nos Estados Unidos, e esse é somente um exemplo. O “Amber Alert”, sistema de notificação de sequestro de crianças, surgiu em decorrência da comoção sobre um caso de crime real.
Nesse sentido, é adequado dizer que as obras de true crime influenciam indiretamente as mudanças na sociedade, a partir da expansão do conhecimento coletivo sob um determinado assunto. Quando se assiste algo, os indivíduos passam a lutar por mudanças com o objetivo de evitar tragédias futuras.
O futuro do true crime: mais produções em plataformas de streaming ou uma “exaustão” por parte dos públicos?
Como exploramos nos tópicos anteriores, o momento atual das mídias de true crime é fervoroso, mas e quanto ao futuro? O que podemos esperar? Os palpites são que essas produções vão aumentar em número e interesse público ou trata-se apenas de uma “moda” que irá esfriar com o passar do tempo?
Infelizmente, nós não temos uma resposta concreta. A tendência atual é que o movimento persista, baseado em produções planejadas para os próximos anos, mas uma mudança de paradigma não pode ser descartada. Isso sem mencionar o fato de que o assunto muda de país para país e em cada cultura.
A conclusão a que chegamos, após explorar o artigo da ExpressVPN e outras fontes, é que não há nada de “sinistro” em acompanhar filmes e séries (documentais ou não) sobre true crime. Desde que exista o pensamento crítico, trata-se de apenas “mais um” tipo de mídia, a qual nos agrega conhecimentos.