Um menino, com uniforme de colégio, esperando ônibus. Na mão, um saquinho pardo com mariolas. Ele as come. E espera o ônibus. Saciado, ele embrulha o saco e súbito tem uma bolinha na mão. Olha para um lado, para o outro, e divisa uma cesta de lixo a 10 metros. De repente, dispara em direção a ela, simulando quicar uma bola de basquete, dá três passos, voa e tchuf! Cesta. Dois pontos a mais para o Brasil. O moleque vibra e corre, alucinado com a proeza. E todos no ponto começam a rir e aplaudir o menino maluquinho. Pois viram que ele não era maluquinho.
Enfurnado nas ilhas de edição durante a preparação das reportagens sobre a derrota brasileira para a Itália em 1982, vi e revi o segundo gol de Falcão. E fui incapaz de segurar o arrepio em todas. Depois de uma jogada magistral com Cerezo, tirando três italianos com um blefe espetacular, Falcão venceu Zoff e correu de boca e braços abertos, as veias saltando, bombeando sangue e adrenalina em velocidade de Fórmula 1.
Os últimos meses foram cheio de veias. Lá na Polônia e no PAN, a cada bloqueio, Gustavo, da seleção de Vôlei, esticava os longos braços na direção da quadra, e as veias saltavam, saltavam mais que Giba pré-cortada. No hemisfério de baixo, um pouco mais para a esquerda, Júlio Batista calava a minha boca e a de muita gente fazendo um golaço na Argentina. E tome veia na corrida em direção ao banco de reservas.
O pranto de Jade ao perder a chance do ouro, na Ginástica Artística, é a vibração às avessas. É o amor de cabeça para baixo. É a mostra de que ela ama o esporte tanto que trocou o soco no ar e as gargalhadas da vitória pelas lágrimas da tristeza. Isso é amadurecimento. Não chorar é envelhecimento.
Nunca é tarde para uma transfusão de sangue para os que já desistiram de torcer, vibrar e comemorar. Aliás, os Bernardinho Boys são especialistas nisso. Mistureba de ascendências saxônicas, latinas e africanas, o time brasileiro é louro, preto, branco, mulato. E pulam qual pererecas em qualquer ponto. Bem mais que os adversários.
Pronto. O post acabou. Yeahh!!! Iurruuu!!!!
VIA
Vendo esse texto, vc não poderia colocar figura mais emblemática que o Bernardinho!!!
Belíssimo texto!!!! Pena nos dias de hoje, com a situação do nosso país, ser tão difícil comemorar algo assim…
Lí esse bem bolado texto, lembrei do Golaço do Falcão em 82 (prá mim, um dos mais belos gols) e fico vendo esses pernas de paus de hoje beijando escudo de clube que vão defender nos próximos 6 meses….. E aina tem torcedor que bate palmas para eles… Triste….