O mercado de apostas cresce exponencialmente no Brasil e desperta dúvida sobre as razões de atrair tantas pessoas
O mercado de apostas no Brasil deve faturar cerca de R$ 12 bilhões até o final de 2023. O crescimento exponencial se mantém ano após ano e desperta dúvidas sobre por que as casas de apostas têm conseguido atrair tantos brasileiros.
Algumas importantes consultorias internacionais buscaram essa resposta. Na sequência deste texto, apresentaremos quais são os motivos de tanto apelo, incluindo o caminho da legalização do setor no país e a MP publicada em junho e considerada um primeiro passo para regular as apostas no Brasil.
Por que os brasileiros apostam
Mais da metade dos brasileiros ouvidos por uma pesquisa da TGM Research indicaram que apostam ao menos uma vez por semana. De toda a população, 46,1% haviam apostado nos 12 meses anteriores ao estudo.
Em toda a América Latina, nenhum outro país alcançou números tão expressivos em relação à frequência de apostas.
Entender o que leva os brasileiros a apostar é essencial para que as casas de apostas consigam atrair ainda mais clientes.
Afinal, saber o que as pessoas buscam nesse mercado e como se comportam em relação a ele é o primeiro passo para que os grandes sites construam seu relacionamento com os apostadores do país.
Uma das primeiras constatações da pesquisa da TGM é a de que os brasileiros preferem apostar pela internet, seja diretamente nos sites ou pelos aplicativos de casas de apostas.
Com a proibição do modelo no Brasil, somente 14% dos apostadores do país ainda recorrem a cassinos presencialmente.
É importante lembrar que as apostas de cota fixa são legais no Brasil desde dezembro de 2018, quando o então presidente Michel Temer sancionou a Lei 13.756/2018. Até então, a prática ou exploração de jogos de azar era proibida no país.
A partir da legalização, e por haver uma brecha na Lei, os apostadores brasileiros não caem em contravenção penal. Basta que o site da casa de apostas esteja hospedado em um servidor no exterior. Assim, o faturamento acontece em outro país, em vez de ser feito no Brasil.
Principais motivações
De acordo com a pesquisa da TGM, os motivos que mais levam os brasileiros a apostar são:
● querer ganhar dinheiro: 57% para os homens e 50% para as mulheres;
● gostar da experiência: 45% para os homens e 39% para as mulheres;
● gostar da competição: 42% para os homens e 41% para as mulheres;
● apostas fazem com que os eventos esportivos se tornem mais interessantes: 38% para os homens e 34% para as mulheres;
● ter apostas como um hobby: 28% para os homens e 22% para as mulheres;
● buscar algo novo: 24% para os homens e 24% para as mulheres.
O levantamento indica que 82% dos brasileiros ouvidos gostam de apostar nos eventos enquanto assistem ao vivo.
Além da possibilidade de apostas durante os jogos, um passo importante para as casas de apostas atraírem mais usuários é a oferta de vantagens e promoções.
Para 86%, o interesse em apostas esportivas seria ainda maior se houvesse contrapartidas, como bônus e créditos para usuários frequentes.
Motivos para não apostar
Em contrapartida às motivações para apostar, as casas de apostas já sabem quais são as principais objeções que tendem a enfrentar na busca por novos clientes.
No Brasil, 47% não apostam pelo medo de perder dinheiro. Outros 25% têm medo de se viciar.
Já 18% dizem conhecer pouco do mercado, o que abre espaço para as casas de apostas investirem mais em educação de seus potenciais clientes.
Entre as pessoas ouvidas, 83% dos brasileiros disseram que gostariam de entender mais sobre como ter sucesso nas apostas.
Um atalho para driblar o medo das apostas e educar a população sobre o mercado passa pela mensagem que apostar é uma atividade legalizada no país, além dos diversos benefícios de regulamentar as apostas no Brasil.
Benefícios da regulamentação do mercado de apostas no Brasil
Atualmente, as apostas legalizadas no Brasil, como a Loteria Federal, são controladas pela Caixa Econômica Federal. Um dos principais impactos que a regulamentação das casas de apostas tende a gerar na economia brasileira está relacionado ao fim desse monopólio.
Com a regulamentação de diversas empresas privadas atuando no setor, o mercado de apostas tende a despejar centenas de milhões de reais nos cofres públicos em impostos.
Além disso, a regulamentação vai gerar milhares de empregos no país.
Arrecadação de impostos
Num mercado que deve movimentar até R$ 127 bilhões em 2027, o país poderia se beneficiar de uma nova fonte de receita.
Segundo o Ministério da Economia, o destino da arrecadação de impostos será:
● 99% para cobertura das despesas de manutenção dos operadores;
● 0,1% para o Seguro Social;
● 0,1% para entidades educativas;
● 0,1% para o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP);
● 0,7% para entidades esportivas do futebol.
Estima-se que o potencial de arrecadação no mercado de apostas brasileiro seja de R$ 74 bilhões brutos, com cerca de R$ 22,2 bilhões em receitas tributárias.
O repasse da arrecadação com apostas esportivas já está definido e será para o Seguro Social, as entidades educativas, o Fundo Nacional de Segurança Pública e para entidades esportivas do futebol.
Geração de empregos
Com a atuação de casas de apostas no Brasil, estima-se que empregos sejam gerados em setores como publicidade, tecnologia da informação e eventos esportivos.
De acordo com o Governo Federal, assim que a regulamentação for concluída, 600 mil novos postos de trabalho devem ser criados no país.
Com mais pessoas envolvidas diretamente neste segmento, o mercado de apostas, certamente, seguirá crescendo no Brasil. Resta às casas de apostas aproveitarem as motivações dos potenciais apostadores para vencer a briga por mais clientes.